Agência Rio de Notícias

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O ciberespaço como aliado dos professores - O facebook.com como ferramenta pedagógica


Nas sociedades pós-industriais ocupam lugar central a informação e o conhecimento. Surgem, na esfera da produção e das instituições, novas formas de trabalho, em meio a elas o trabalho intelectual, interativo, e de comunicação. As transformações envolvem principalmente as escolas e o trabalho dos pedagogos e professores, provocando reformulações no seu papel.
A internet nos últimos tempos tem conectado milhões de indivíduos por todo mundo. Esses novos meios de se comunicar e informar, de se relacionar e de interagir, apresentam um “mundo novo”, original, nunca imaginado por muitas pessoas. A velocidade da informação, as transformações ocasionadas pelo “surgimento” do que se convencionou chamar “ciberespaço[1]”, as diversas possibilidades, recursos, que emergem nesse contexto, onde há um espaço de comunicação que descarta a necessidade do “físico” nos expõe ao “outro” de uma forma nunca antes vista; um novo contorno do que conhecemos como “interação”, uma “renovada” alteridade. Tratar dos dilemas dessas novas realidades, identificando as novas exigências educacionais e, sobretudo, buscando pensar teorias sobre a escola e os professores dentro de um projeto evolucional de educação é de suma importância neste contexto.
Segundo o Ibope NetRatings, bem como o site G1.globo.com, nós, brasileiros(as), ultrapassamos a marca de 80 milhões de usuários ativos de internet no primeiro trimestre de 2012, sendo o Brasil o 5º país mais conectado do mundo. Levando-se em consideração que a população brasileira no ano de 2011 segundo dados do IBGE era de 196.655.014 brasileiros e brasileiras. Ultrapassar a marca de 80 milhões de usuários ativos é extremamente significativo, pois se trata de quase 42% da população total do país, isto se levando em consideração a questão da desigualdade social. E, em se tratando de internet, é espantoso pensarmos como os sites de relacionamento/redes sociais assumiram um lugar de importância na vida de seus usuários, mesmo para aqueles que não têm um computador em suas casas. Sem possuir acesso residencial à web muitos indivíduos utilizam esses sites através lanhouses, escolas, faculdades, internet comunitária, etc.
Segundo Libâneo (2004) em “Adeus professor, adeus professora?” “formar cidadãos participantes” “implica articular os objetivos convencionais da escola [...] às exigências postas pela sociedade comunicacional, informática e globalizada”. Entre essas exigências ele cita a “interação crítica com as mídias e multimídias” e o “conhecimento e uso da informática”. Qualquer um, em qualquer lugar do mundo pode criar uma “conta”, um “profile[2]” em um dos diversos sites de relacionamentos e/ou redes sociais como o facebook.com, sônico.com, ning.com, myspace.com, secondlife, Orkut.com dentre outros, e se comunicar com milhares de outros indivíduos sem nunca os encontrar fora do ciberespaço, no chamado “mundo físico”, “real”. Usar a seu favor essas novas formas de comunicação e tecnologias é quase que primordial para o professor do século XXI. Alguns desses sites oferecem ferramentas para compartilhamento de arquivos de textos, imagens etc., além disso, também são muito profícuos no compartilhamento de avisos e informações, muitos alunos e alunas de várias escolas públicas ou privadas estão criando “grupos” e “páginas”, no caso do facebook.com, e comunidades no Orkut.com de suas turmas, escolas etc., essas comunidades/grupos/páginas, podem ser terrenos férteis para os professores contribuindo de forma significativa no aprimoramento do seu trabalho.
O professor tem papel proeminente e, para tanto, dentre as habilidades que deve possuir o domínio da linguagem informacional e o conhecimento dos meios de comunicação e das multimídias é primordial. Para que haja compatibilidade entre a “variedade” de informações por meio da “rede” do “ciberespaço” e a chamada educação formal será necessário adequar o professor à nova conjuntura educacional, mas isso demanda diretrizes básicas: em primeiro lugar deve desejar se adequar, avançar, estar  inserido no mundo moderno e tecnológico. O professor do novo milênio precisa, antes de qualquer coisa, entender que os métodos antigos são afinal “antigos” e podemos até dizer anacrônicos.
O surgimento do ciberespaço transformou o mundo numa vizinhança onde ao menor “click” no “mouse” você pode “ir” a qualquer lugar do planeta. De acordo com Levy (Pierre Levy, 2000, p.47) “é virtual toda instituição ‘desterritorializada’, capaz de provocar diferentes manifestações em diferentes momentos e locais determinados, sem, no entanto estar presa a um lugar ou tempo particular”. Sendo assim para o autor o virtual é uma fonte indefinida de atualizações e o digital é o meio das metamorfoses. O professor precisa se valer dessa característica do ciberespaço, do virtual, para fazer com que a sala de aula ultrapasse os muros da instituição educacional, tornando seu trabalho contínuo e contribuindo efetivamente na construção do saber de seus alunos e alunas, despindo-se dos preconceitos relacionados às redes sociais. Devemos, então, tentar fazer da escola um lugar para o livre desenvolvimento do pensamento, do raciocínio, da criatividade, de modo que professores e alunos produzam e troquem conjuntamente novos conhecimentos e nesse sentido a utilização de ferramentas como o facebook.com é de extrema valia. Os alunos não podem mais ser vistos como sujeitos passivos, que só recebem e gravam os conteúdos que lhe são “passados”, e, por conseguinte o professor também não pode mais ser concebido como aquele que fala pelos alunos, detentor de todo o conhecimento.
Cito aqui um exemplo prático de uma turma da segunda série do ensino médio de uma das escolas em que leciono na Rede Estadual do Rio de janeiro, trata-se da turma 2002, os alunos e alunas criaram um grupo fechado no facebook.com e neste espaço compartilham avisos de professores para que os alunos e alunas que não puderam comparecer as aulas por qualquer motivo estejam informados, compartilham apostilas, questões para prova, prazos para entrega de trabalhos, sites, datas, horários etc., e, os professores interessados também podem participar do grupo, basta enviar uma solicitação, os alunos e alunas da mesma escola possuem um grupo “geral”, de toda a escola no facebook.com onde todos e todas recebem informações e avisos, fazem brincadeiras  etc. Pessoalmente utilizo essa “ferramenta” pedagógica para compartilhar links interessantes, sites educacionais, orientar nas pesquisas que solicito e trabalhos em grupos.
A escola e principalmente os professores têm papel determinante para a inclusão de seus alunos e alunas, e é responsabilidade do professor orientar seus alunos na utilização da “ferramenta” ciberespaço de forma produtiva e responsável. O virtual é imprevisível, inconstante e repleto de diversidade e possibilidades como o “real”, o que ajuda a enriquecer o trabalho pedagógico, e, até mesmo os controversos sites de relacionamentos e redes sociais podem se tornar valiosos aliados, torna-se indispensável o preparo dos professores para sua utilização, para que a tecnologia venha a ser um instrumento eficaz na aprendizagem e para despertar no aluno a necessidade de buscar o conhecimento por si mesmo, de fazer descobertas, de serem críticos e transformadores da sua condição e da sociedade.






[1]Aqui Ciberespaço é entendido a partir da concepção de Pierre Levy “dispositivo de comunicação interativo e comunitário, apresenta-se justamente como um dos instrumentos privilegiados da inteligência coletiva.(1999)
[2] Perfil – Breve descrição do usuário/membro

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