Nas sociedades pós-industriais
ocupam lugar central a informação e o conhecimento. Surgem, na esfera da
produção e das instituições, novas formas de trabalho, em meio a elas o
trabalho intelectual, interativo, e de comunicação. As transformações envolvem
principalmente as escolas e o trabalho dos pedagogos e professores, provocando
reformulações no seu papel.
A internet nos últimos tempos tem conectado milhões de indivíduos por
todo mundo. Esses novos meios de se comunicar e informar, de se relacionar e de
interagir, apresentam um “mundo novo”, original, nunca imaginado por muitas
pessoas. A velocidade da informação, as transformações ocasionadas pelo
“surgimento” do que se convencionou chamar “ciberespaço[1]”,
as diversas possibilidades, recursos, que emergem nesse contexto, onde há um
espaço de comunicação que descarta a necessidade do “físico” nos expõe ao
“outro” de uma forma nunca antes vista; um novo contorno do que conhecemos como
“interação”, uma “renovada” alteridade. Tratar
dos dilemas dessas novas realidades, identificando as novas exigências
educacionais e, sobretudo, buscando pensar teorias sobre a escola e os
professores dentro de um projeto evolucional de educação é de suma importância
neste contexto.
Segundo o Ibope
NetRatings, bem como o site G1.globo.com, nós, brasileiros(as), ultrapassamos a
marca de 80 milhões de usuários ativos de internet no primeiro trimestre de
2012, sendo o Brasil o 5º país mais conectado do mundo. Levando-se em
consideração que a população brasileira no ano de 2011 segundo dados do IBGE
era de 196.655.014 brasileiros e brasileiras. Ultrapassar a marca de 80 milhões
de usuários ativos é extremamente significativo, pois se trata de quase 42% da
população total do país, isto se levando em consideração a questão da
desigualdade social. E, em se tratando de internet, é espantoso pensarmos como
os sites de relacionamento/redes sociais assumiram um lugar de importância na
vida de seus usuários, mesmo para aqueles que não têm um computador em suas
casas. Sem possuir acesso residencial à web muitos indivíduos utilizam esses
sites através lanhouses, escolas, faculdades, internet comunitária, etc.
Segundo Libâneo (2004)
em “Adeus professor, adeus professora?” “formar cidadãos participantes”
“implica articular os objetivos convencionais da escola [...] às exigências
postas pela sociedade comunicacional, informática e globalizada”. Entre essas
exigências ele cita a “interação crítica com as mídias e multimídias” e o
“conhecimento e uso da informática”. Qualquer um, em qualquer lugar do
mundo pode criar uma “conta”, um “profile[2]”
em um dos diversos sites de relacionamentos e/ou redes sociais como o facebook.com,
sônico.com, ning.com, myspace.com, secondlife, Orkut.com dentre
outros, e se comunicar com milhares de outros indivíduos sem nunca os encontrar
fora do ciberespaço, no chamado “mundo físico”, “real”. Usar a seu favor essas
novas formas de comunicação e tecnologias é quase que primordial para o
professor do século XXI. Alguns desses sites oferecem ferramentas para
compartilhamento de arquivos de textos, imagens etc., além disso, também são
muito profícuos no compartilhamento de avisos e informações, muitos alunos e
alunas de várias escolas públicas ou privadas estão criando “grupos” e
“páginas”, no caso do facebook.com, e
comunidades no Orkut.com de suas
turmas, escolas etc., essas comunidades/grupos/páginas, podem ser terrenos férteis
para os professores contribuindo de forma significativa no aprimoramento do seu
trabalho.
O professor tem papel
proeminente e, para tanto, dentre as habilidades que deve possuir o domínio da
linguagem informacional e o conhecimento dos meios de comunicação e das
multimídias é primordial. Para que haja compatibilidade entre a “variedade” de
informações por meio da “rede” do “ciberespaço” e a chamada educação formal
será necessário adequar o professor à nova conjuntura educacional, mas isso
demanda diretrizes básicas: em primeiro lugar deve desejar se adequar, avançar,
estar inserido no mundo moderno e
tecnológico. O professor do novo milênio precisa, antes de qualquer coisa,
entender que os métodos antigos são afinal “antigos” e podemos até dizer
anacrônicos.
O surgimento do ciberespaço transformou
o mundo numa vizinhança onde ao menor “click” no “mouse” você pode “ir” a
qualquer lugar do planeta. De acordo com Levy (Pierre Levy, 2000, p.47)
“é virtual toda instituição ‘desterritorializada’, capaz de provocar diferentes
manifestações em diferentes momentos e locais determinados, sem, no entanto
estar presa a um lugar ou tempo particular”. Sendo assim para o autor o virtual
é uma fonte indefinida de atualizações e o digital é o meio das metamorfoses.
O professor precisa se valer dessa característica do ciberespaço, do virtual,
para fazer com que a sala de aula ultrapasse os muros da instituição
educacional, tornando seu trabalho contínuo e contribuindo efetivamente na
construção do saber de seus alunos e alunas, despindo-se dos preconceitos
relacionados às redes sociais. Devemos, então, tentar fazer da escola um lugar
para o livre desenvolvimento do pensamento, do raciocínio, da criatividade, de
modo que professores e alunos produzam e troquem conjuntamente novos
conhecimentos e nesse sentido a utilização de ferramentas como o facebook.com é de extrema valia. Os
alunos não podem mais ser vistos como sujeitos passivos, que só recebem e
gravam os conteúdos que lhe são “passados”, e, por conseguinte o professor
também não pode mais ser concebido como aquele que fala pelos alunos, detentor
de todo o conhecimento.
Cito aqui um exemplo prático de uma turma da segunda série do
ensino médio de uma das escolas em que leciono na Rede Estadual do Rio de
janeiro, trata-se da turma 2002, os alunos e alunas criaram um grupo fechado no
facebook.com e neste espaço
compartilham avisos de professores para que os alunos e alunas que não puderam
comparecer as aulas por qualquer motivo estejam informados, compartilham
apostilas, questões para prova, prazos para entrega de trabalhos, sites, datas,
horários etc., e, os professores interessados também podem participar do grupo,
basta enviar uma solicitação, os alunos e alunas da mesma escola possuem um
grupo “geral”, de toda a escola no facebook.com
onde todos e todas recebem informações e avisos, fazem brincadeiras etc. Pessoalmente utilizo essa “ferramenta”
pedagógica para compartilhar links interessantes, sites educacionais, orientar
nas pesquisas que solicito e trabalhos em grupos.
A escola e principalmente os professores
têm papel determinante para a inclusão de seus alunos e alunas, e é
responsabilidade do professor orientar seus alunos na utilização da
“ferramenta” ciberespaço de forma produtiva e responsável. O virtual é imprevisível,
inconstante e repleto de diversidade e possibilidades como o “real”, o que
ajuda a enriquecer o trabalho pedagógico, e, até mesmo os controversos sites de
relacionamentos e redes sociais podem se tornar valiosos aliados, torna-se indispensável o preparo dos professores
para sua utilização, para que a tecnologia venha a ser um instrumento eficaz na
aprendizagem e para despertar no aluno a necessidade de buscar o conhecimento
por si mesmo, de fazer descobertas, de serem críticos e transformadores da sua
condição e da sociedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário