Agência Rio de Notícias

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Indignante!!!!!!!!!!!!!!!!

Email enviado por Fred Oliveira, fiquei tão indignada que resolvi postar aqui! Peço desculpas aqueles que acompanham este blog, mas realmente não tenho tido tempo pra postar nada, na próxima semana estarei de férias e não serei tão ausente! leiam por favor! é uma situação horrível!!!

Sábado, 4 de Julho de 2009
Realidade na escola ( Sugestão - visitem o blog do professor Ítalo, autor deste texto - http://criticasereflexoes.blogspot.com/)

Postei há pouco no Twitter um assunto que ocorreu novamente na escola
onde trabalho. Mas, diante da minha indignação, aqueles poucos
caracteres permitidos não me foram suficientes. Fui abordado pela
orientadora pedagógica sobre meu rendimento com algumas turmas. Não
nego aqui nesse espaço que em algumas dessas classes um grupo de
apenas 10 ou 12 alunos tenham conseguido ficar acima dos 10 pontos
necessários. Os que acabam de ler essa informação podem ter a
impressão inicial que o professor é o grande culpado dessa situação.
Temos, é claro, de estar atentos as atitudes de todos os professores,
pois isso realmente pode acontecer. No entanto, visando uma defesa
consistente e coerente com a realidade resolvi buscar os motivos de
tão baixo rendimento dessas turmas. Ao analisar meus diários mais uma
vez deparei-me com uma situação que chama bastante atenção. Boa parte
dos alunos sequer entregam os trabalhos. Senhores, meu calendário de
provas e trabalhos foi divulgado no início de maio, para eventos que
ocorreriam apenas em junho. O estudo é algo que passa distante da
prática cotidiana desses alunos. Não possuem qualquer tipo de
responsabilidade por seus atos. Aliás, muitos não aprenderam isso em
casa. A falta de uma postura mais rígida por parte do estado, da
família e da própria escola encoraja os alunos para o contínuo culto a
irresponsabilidade e ignorância.

Sabendo desses aspectos procuro ao longo dos meus 3 anos de sala de
aula facilitar o máximo possível em minhas provas e trabalhos,
justamente visando a cobrança por parte dos superiores. São provas
cada vez mais ridículas e superficiais que exigem o mínimo de cada
aluno. Estamos dentro de um sistema que privilegia o errado, o aluno
que não estuda. Dessa forma, o indivíduo tem inúmeras chances para
recuperar sua nota, e mesmo assim não o faz. Apenas para apreciação
dos leitores demonstrarei agora como é o funcionamento da escola hoje
em dia.

O aluno, dos dez pontos possíveis em um bimestre, é obrigado a tirar
apenas a metade. Ou seja, cinco pontos em cada bimestre. Caso não
consiga ele tem direito a uma prova de recuperação paralela em cada
bimestre. Essa prova tem o poder de substituir a nota mais baixa. Em
caso de insucesso, o aluno ainda tem a oportunidade de fazer uma
recuperação semestral, geralmente em julho e dezembro, que permite que
uma prova valendo dez pontos possa substituir a nota menor de dois
bimestres. Caso ainda não consiga se recuperar, o aluno ainda pode
ficar reprovado em 2 matérias, empurrando-as para o ano seguinte
através das dependências.

Dessa forma senhores, não há como negar que a escola de hoje
privilegia o irresponsável. A ânsia por aprovações em busca de verbas
faz com que a escola facilite para o “incompetente” e deixe de
trabalhar satisfatoriamente com aqueles que aprenderam em casa e no
dia-a-dia o valor dos estudos para sua vida futura.

Depois dessa explicação, volto ao início do texto quando a orientadora
pedagógica me abordara. O questionamento dela foi o seguinte: “Será
que o senhor professor não está cobrando demais dos alunos?” “Quem
sabe novas práticas dentro de sala poderiam aguçar a criatividade e
atenção dos alunos?”. Veja, a profissional não pode ir direto ao
ponto, precisa falar de modo indireto o que de fato ela precisa.
Comprovamos, então, que os questionamentos da orientadora não tem
qualquer intuito em viabilizar o aprendizado real dos alunos, mas
apenas contribuir para que as notas estejam sempre acima de cinco
pontos. Ou seja, se sou um professor ridículo que passo o tempo todo
sentado sem dar aulas verdadeiras aos alunos, mas que ao final do
bimestre todos estão acima da média, de fato sou um professor “nota
10”. Caso busque desenvolver um trabalho coerente com a prática de um
verdadeiro profissional, é fato que diante da atual condição da escola
e da juventude, os índices não serão satisfatórios para os
governantes. Fazendo isso não serei um profissional digno de destaque.

A hipocrisia permeia os meandros educacionais. Somos forçados direta
ou indiretamente a aprovar o maior número de alunos possíveis. É assim
que o sistema funciona. O que fazer? Continuar com minha luta em favor
do desenvolvimento real dos alunos, ou me entregar ao sistema? Acho
que esse dilema faz parte da vida de boa parte dos profissionais de
educação, que trabalham dentro de sala de aula.



Postado por Ítalo de Paula.

5 comentários:

Laguardia disse...

Não é só indignante. É revoltante.

É por esta razão que a qualidade de ensino no Brasil é tão baixa. Não é culpa do professor que na sala de aula se esforça com muito trabalho de salário aviltado faz o possível e o impossível para formar os futuros dirigentes do Brasil.

O que interessa é que o aluno seja aprovado. Se ele aprendeu ou não é secundário.

O professor não é valorizado. Criou-se uma mentalidade que não pode have3r competição na sala de aula e que os melhores alunos não podem ser destacados e elogiados e até mesmo premiados por seu desempenho.

Com isto são valorizados os piores alunos.

Ao chegar no mercado de trabalho não têm a competência necessária para as empresas.

Desta forma nunca vamos ter um país que se desenvolva e tenha a justiça social de que precisamos.

O LENTE disse...

oi, blz!
Aqui no Paraná do Reiquião é a mesma coisa, parece que estou escutando minha orientadora falando nas reuniões. Esses são os covardes que estão em postos de comando na nossa educação. Isto não é só indignante, mas o fim.

Carlos Pires disse...

Em Portugal está a passar-se exactamente o mesmo.

As pessoas que pretendem que os alunos passem sem saber nada não percebem que estão a fazer mal aos próprios alunos.

Em Portugal essa atitude tem como principal promotor o governo actual. Este tem feito os possíveis para que as notas dos alunos sejam inflacionadas para que as estatísticas do sucesso melhorem, de modo a tirar dividendos políticos disso.

biancawild disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ítalo de Paula Pinto disse...

Fico feliz de saber que meu texto está sendo utilizado pela blogosfera para compartilhar a indignação diante de tanta hipocrisia e corrupção na educação.

Obrigado pela cooperação.