Há todo um velho mundo
ainda por destruir e todo um novo mundo a construir. Mas nós conseguiremos
jovens amigos, não é verdade?
Rosa Luxemburgo
“Liberdade apenas para
os partidários do governo, apenas para os membros de um partido – por mais
numerosos que sejam – não é liberdade. Liberdade é sempre a liberdade daquele
que pensa de modo diferente. Não por fanatismo pela ‘justiça’, mas porque tudo
quanto há de vivificante, salutar, purificante na liberdade política depende desse
caráter essencial e deixa de ser eficaz quando a ‘liberdade’ se torna um
privilégio”. (Rosa Luxemburgo)
No dia 15 de janeiro do ano de 1919, em Berlim, Rosa Luxemburgo era presa
mais uma vez, e desta vez não lhe permitiram prosseguir com sua luta, neste
fatídico dia foi executada cruelmente com um tiro na nuca aos 48 anos de idade.
Luxemburgo, que chegou a receber a alcunha de “Rosa sangrenta” nasceu
para ser uma lutadora, em 1871, ano em que foi proclamada a comuna de Paris,
judia, polonesa e portadora de deficiência física em uma das pernas desde os
cinco anos de idade, lutou até seu último suspiro. Todas essas características,
na época em que nasceu a colocavam em desvantagem e poderiam comprometer o futuro
brilhante desta mulher, pertenceu às minorias discriminadas, comumente
perseguidas.
Sendo judia, de família de comerciantes – embora não tivesse nenhuma
ligação com a religião não escapou do antissemitismo. Como outras precursoras
das lutas feministas, pela igualdade e contra o capitalismo viveu de forma
autodeterminada, contra os preconceitos e pressões sociais do seu tempo.
Inteligente, desde cedo falava fluentemente Russo, alemão, francês e polonês e
com apenas treze anos ingressou na escola secundária de Varsóvia, algo
significativo para uma moça em sua época, doutorou-se em um tempo em que
mulheres raramente iam para a universidade, fez parte da Revolução Russa a
partir de Varsóvia, lecionando de 1907 até 1914 na escola do SPD em Berlim, foi
uma das poucas mulheres politicamente ativas. Era uma expatriada, pois pesar de
sua cidadania alemã, conseguida através de um casamento de conveniência, permaneceu
estrangeira aos olhos de seus inimigos políticos por ser polonesa e judia.
Ela percebia “revolução social” a maneira de Karl Marx, como a eliminação
de todas as relações em que “o homem é um ser humilhado, subjugado, abandonado
e desprezível” Luxemburgo fundou, em 1894, o Partido Socialdemocrata. Para
Luxemburgo a liberdade e a democracia não eram um luxo que os políticos
socialistas podiam ofertar ou abdicar, mas a condição para a existência da
política socialista, assim estabeleceu
os princípios do socialismo democrático (A Liberdade é Sempre a Liberdade de
Ter Opiniões Diferentes).
Rosa Luxemburgo foi uma crítica entusiasmada e persuasiva do capitalismo,
como revolucionária e democrata, manteve-se numa posição crítica e cautelosa,
batalhando contra a política ditatorial dos bolcheviques, recusou as teses
centralistas de Lênin (Problemas Organizativos da Social-Democracia
Russa, 1904). Defendeu suas convicções com toda intensidade, apaixonada, fundou
o Grupo Internacionalista, do qual surgiu, em 1917, o Movimento Espartaquista
e, um ano depois, o Partido Comunista da Alemanha. Presa durante a guerra
apoiou, em 1918, os conselhos de trabalhadores e soldados, fundou o
jornal Bandeira Vermelha, futuro diário oficial do KPD.
Nas palavras de Luxemburgo : “A revolução proletária não precisa do
terror para realizar seus fins, ela odeia e abomina o assassinato. Ela não
precisa desses meios de luta porque não combate indivíduos, mas instituições;
porque não entra na arena cheia de ilusões ingênuas que, perdidas, levariam a
uma vingança sangrenta. Não é a tentativa desesperada de uma minoria de moldar
o mundo à força, de acordo com o seu ideal, mas a ação da grande massa dos
milhões de homens do povo, chamada a cumprir sua missão histórica e a fazer da
necessidade histórica uma realidade. Mas a revolução proletária é, ao mesmo
tempo, o dobre de finados de toda servidão e de toda opressão (...)”
"Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem"
disse nossa heroína, mártir, apaixonada revolucionária, suas palavras eram como
navalhas, sabiamente afirmou: "A massa não é apenas objeto da ação revolucionária;
é, sobretudo, sujeito" justamente pela sua persuasão e brilhantismo
calaram-na definitivamente neste dia há noventa e quatro anos atrás. Viveu
conforme as palavras que proferiu, sempre fiel aos seus ideais: "No meio
das trevas, sorrio à vida, como se conhecesse a fórmula mágica que transforma o
mal e a tristeza em claridade e em felicidade. Então, procuro uma razão para
esta alegria, não a acho e não posso deixar de rir de mim mesma. Creio que a
própria vida é o único segredo." Em 1919, Bertolt Brecht escreveu
um epitáfio poético em homenagem a Luxemburgo:
Aqui jaz
Rosa Luxemburgo,
judia da Polônia,
vanguarda dos operários alemães,
morta por ordem dos opressores.
Oprimidos,
enterrai vossas desavenças!
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