Agência Rio de Notícias

sexta-feira, 21 de junho de 2013

“Vem pra Rua!” Democracia 2.0! Com o povo e para o povo!






“Vem pra Rua!” Democracia 2.0! Com o povo e para o povo!


Estamos assistindo a um movimento de indignação generalizada, vimos nos últimos dias uma mobilização jamais imaginada em se tratando de Brasil, onde nossos legisladores e representantes do poder executivo mantinham-se tranquilos, pois tinham a certeza de que os brasileiros, de um modo geral, não se interessavam pela participação efetiva, real, na política e nas arenas deliberativas[1]. Política nunca foi um assunto popular entre os brasileiros como o futebol, era algo distante, de interesse dos intelectuais ou dos que se dedicam a ela. No imaginário popular, pairava no ar a ideia de que a política não era um assunto do dia a dia, que dissesse respeito ao cidadão comum, muitos acreditavam que o poder daqueles que elegemos era irrevogável e inalienável, esquecemos até que os direitos básicos do cidadão devem ser garantidos pelo Estado.
O despertar veio com os vários escândalos de corrupção e a impunidade, com a votação famigerada PEC 37, que extinguirá os poderes investigativos dos promotores do ministério público, encarregando a responsabilidade da investigação inteiramente à Polícia Federal. Temos assistido a importantes transformações na sociedade, que têm colocado em evidencia formas de luta, organização de categorias, grupos e classes sociais, e resultado em revisões acerca de projetos sociais e políticos. Muito se tem falado sobre a crise do trabalho, a crise econômica mundial, da sociedade salarial, do movimento sindical no contexto da globalização e da hegemonia do pensamento neoliberal. Alguns alvos vêm sendo apontados e discutidos por muitos, dentre eles o “enxugamento do estado” a desregulamentação dos mercados, a internacionalização econômica, a precarização crescente das relações de trabalho e o desemprego estrutural. Ao que tudo indica, estaríamos muito próximos do fim da “sociedade de direitos”, ao menos onde esta existiu de fato. Vimos nossa saúde sucateada, a farra realizada com o dinheiro público, mandos e desmandos, o caos na educação e ficamos inertes, envolvidos com o festival de redução de IPI, financiamentos fáceis etc. criando uma falsa impressão de que tudo ia muito bem...
Agora acordamos! As manifestações não irão cessar, estamos presenciando um Impeachment moral, a mídia e os representantes do poder executivo perguntam pelas lideranças, quem seriam esses líderes? Os protestos não são movimentos puramente isolados, unificados ou badernas, como parte da imprensa brasileira afirma.
Esse movimento não possuí líderes, os líderes são todos os cidadãos brasileiros inconformados, cansados, insatisfeitos... Cartazes com os dizeres “Menos eu e mais nós” foram exibidos por todo país, ou então com os dizeres “Desculpe o transtorno, estamos trabalhando para mudar o Brasil”. Em Atenas, a Ágora era a praça onde se expressavam as opiniões, discutiam a pólis, a nossa ágora pode ser o Twitter ou o facebook.com, mas essa “praça” não termina aí, nas redes sociais, ela possuí muitas outras extensões, ela se une e se complementa com a presença pública, a variedade de formas de comunicação, de possibilidades de manifestar o descontentamento dentro e fora das ruas.
“Se faz tudo pelo povo, mas sem o povo” (lema do velho despotismo esclarecido[2]) Cansamos disso! A democracia que constituímos é um fiel reflexo da sociedade em que vivemos, está atrelada ao contexto histórico e social, a voz dos cidadãos deveria estar expressa por um sistema de representantes que a transmitisse em cada âmbito, aos círculos de poder. Os cidadãos desinformados e propositalmente alienados possuíam poucos meios para expressar sua vontade, além do voto a cada 4 anos, e por incrível que pareça em muitas regiões o voto de cabresto ainda é uma realidade, mas esse fato vem se transformando
Antes do advento da internet e da democratização do acesso a mesma, antes das redes sociais da era da informação, a produção da informação estava reservada aos que detinham o controle dos meios de comunicação. A democracia representativa ofendeu-se! Basta! Pois os políticos já não representam os cidadãos e os cidadãos exigem redefinir a democracia para adaptá-la a uma nova sociedade, que mudou, que acordou, na qual todos podem se expressar, como me expresso agora, livremente! e se organizar da melhor forma possível, clamamos pela reforma política!  - manifestações que não são organizadas por partidos ou sindicatos e sim pelos próprios indivíduos espalham-se e não param de crescer, só no Rio de Janeiro foram às ruas mais de um milhão de pessoas, antes seguíamos líderes, indivíduos, agora seguimos ideias, ideais e a verdade. Com a ajuda das tecnologias digitais de comunicação a capacidade de mobilizar rapidamente pessoas de diferentes localidades foi viabilizada.
“Acabou a orientação habitual para o conformismo” A soberania popular é a base da democracia, mas a soberania só se torna efetiva com a representação pelo voto e é fato não nos sentirmos mais representados por aqueles a quem demos tal honra, a democracia é fruto da luta por direitos, no cerne de relações sociais, moldadas pelas lutas, não existiu e nunca será possível existir revolução e reforma sem algum transtorno, a mídia foca no vandalismo e não admite que muitos dos prédios depredados representam a opressão, a corrupção tudo o que nos oprime, indigna e impede de termos atendidos nossos anseios, não menciona a truculência da ação policial, o abuso da autoridade que lhes foi conferida; a mando de quem?
Lutamos pela implementação da educação de qualidade, pela valorização dos profissionais da educação, a politização, e não a politicagem, a conscientização de classe, política, social, a autovalorização das comunidades e principalmente, condições dignas de sobrevivência, para que não possamos ser comprados diante da necessidade, para que não sejamos presas fáceis para aproveitadores que se dizem representantes de nossos interesses, para que não precisemos mais de esmolas.  Mas a questão é: Quais movimentos representam verdadeiramente os interesses de classe? Quais de nossos representantes nas câmaras, no senado são honestos? Que organizações não estão mal intencionadas? Com quem podemos contar?
É isso! Ficou claro! Precisamos nos unir! Sociedade civil! Povo brasileiro!
É hora de darmos um basta, de darmos as mãos,esquecermos os interesses individuais, devemos ponderar se o que nos propõe está de acordo com as nossas reais necessidades, se iremos nos beneficiar de verdade, devemos reagir contra a opressão, contra a corrupção,   o nepotismo, a precariedade nos serviços públicos, a precariedade nos transportes, contra a manipulação da informação que estamos presenciando neste momento histórico para  nosso país! Junho de 2013 constará nos livros de história!  Olhamos-nos no espelho e descobrimos o verdadeiro culpado! Despertamos! Avante povo brasileiro!



[1] Arenas deliberativas, frequentemente são apontadas como forma de ampliação da participação e, assim, da representação de grupos marginalizados, trazem novas informações aos indivíduos e novas perspectivas sobre determinado tema, levando-os a debater e refletir acerca de suas posições. Desta forma, criam-se espaços de interação social que legitimam a tomada de decisões, tornam menos rígidas as fronteiras entre o público e o privado. Arenas deliberativas estabelecidas para a solução coordenada de problemas agregam pessoas com diferentes identidades sociais, mas que compartilham preocupações concretas e operam sob considerável incerteza sobre as formas pelas quais os problemas podem ser enfrentados, essa incerteza, a pressão pela descoberta de uma estratégia de solução comum, e o foco disciplinador dos próprios problemas vão se combinar, de formas saudáveis, para criar laços que se assemelham mais a solidariedades de cidadania do que às estreitas identidades de grupo associadas com a política de facções ou grupos.
[2] O despotismo esclarecido (ou ilustrado, ou ainda absolutismo ilustrado) é uma expressão que designa uma forma de governar característica da Europa continental da segunda metade do século XVIII, que embora partilhasse com o absolutismo a exaltação do Estado e do poder do soberano, era animada pelos ideais de progresso, reforma e filantropia do Iluminismo. Ou seja, havia, por um lado, uma ruptura parcial com a tradição Medieval, mas, por outro, não eram acolhidas todas as ideias do Iluminismo 1 , com a definição entre a combinação desses diferentes ideais e a sua concretização pertencendo ao próprio déspota. A expressão "despotismo esclarecido" não foi contemporânea aos acontecimentos, tendo sido forjada mais tarde pelos pesquisadores.

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