Agência Rio de Notícias

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Sepetiba – O urbano encontra o rural, o velho se une ao novo, a precariedade é fato, a história se perde e o progresso estagna.





Introdução

A proposta deste trabalho é examinar como o modo de vida urbano, as tradições culturais locais e externas, a historicidade perdida e esquecida do local, o modo dinâmico das relações sociais urbanas, o progresso e o crescimento da cidade do Rio de Janeiro como um todo, se uniram, agregaram-se ao peculiar e ao tradicional no bairro de Sepetiba localizado na zona oeste da cidade do Rio de janeiro RJ, como esta localidade específica da cidade do Rio de Janeiro foi atingida por todas as mudanças ocorridas desde seu surgimento, e estagnou praticamente seu progresso, além de ter-se agravado consideravelmente a degradação ambiental na região, para então concluirmos uma pesquisa de cunho histórico, sociológico e antropólogico sobre este bairro tão prejudicado e esquecido.
O Decreto de 15 de Janeiro de 1833 estabeleceu a nova divisão civil e judiciária da então província do Rio de Janeiro, pertencendo a mesma não só o curato[1] de Santa Cruz (Integrante do termo Itaguaí) como também a ilha de Paquetá e seus adjacentes (pertencentes ao termo Magé).A assimilação destes e mais alguns dados que estaremos expondo posteriormente no decorrer da pesquisa de forma mais abrangente é muito importante para a compreensão do que ocorreu com a zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, e principalmente ao nosso objeto principal de pesquisa, o bairro de Sepetiba.
Trata-se de uma região com uma localização geográfica um tanto quanto complicada, localiza-se entre os bairros de Santa Cruz, Brisa (Guaratiba) e Pedra de Guaratiba, possui somente duas entradas, uma pelo bairro de Santa Cruz e outra pelo bairro da Brisa (Guaratiba), provavelmente esse fato dificultou o seu desenvolvimento, pois Sepetiba não é um bairro de acesso direto a nenhum outro, por exemplo, para chegar-se ao bairro de Pedra de Guaratiba é muito mais rápido e fácil utilizar os acessos através dos bairros de Santa Cruz e Guaratiba.
Pelo decreto do dia 23 de março do ano de 1833, a ilha de Paquetá e adjacências foram desmembradas do município de Magé e a 30 de Dezembro o curato de Santa Cruz foi desanexado do termo Itaguaí e incorporado ao da capital do Império. No período que vai de 1808 até aproximadamente ao ano de 1810, a cidade do Rio de Janeiro possuía apenas 71 ruas, 27 becos, sete travessas, 12 largos, 3 campos, 5 ladeiras e 3 caminhos, e foi expandindo-se gradativamente para o interior, para o oeste.
Os principais pântanos existentes, e que se tinha notícias na época, isto é, no início do século XIX, encontravam-se na então zona rural da cidade do Rio de Janeiro, que correspondia as localidades de Manguinhos, Sernambetiba, Guaratiba e Santa Cruz. Em Santa Cruz os rios Guandu, Guandu-Mirim ou Tingui já eram de grande importância neste período.
A zona Oeste Carioca era chamada de Sertão Carioca, descrita com maestria e em detalhes na obra “O sertão Carioca” de Armando Magalhães Corrêa, as principais vias de acesso a esta região eram as seguintes: A estrada real de Santa Cruz (a mais importante) construída pelos jesuítas sobre o caminho dos Guainases, que ligava a Quinta da Boa Vista em São Cristóvão com a fazenda Real de Santa Cruz, dali atingia Itaguaí e São João Marcos, até o território paulista pela serra do mar.O caminho dos Guaianases estava ligado a Itaguaí também através de outros caminhos que desciam para a costa Fluminense e que terminavam em Itacuruça, Mangaratiba e Angra dos Reis, nos portos destas regiões ocorreu um intenso comércio de escravos,que assim eram encaminhados encurtando as distâncias até São Paulo e Minas Gerais.
A ponte mais antiga da cidade do Rio de Janeiro foi construída pelos jesuítas no ano de 1732 sobre o Rio Guandu em Santa Cruz, feita de alvenaria de pedra. O mais antigo canal da cidade também fôra construído pelos jesuítas, no século XVII com o objetivo de impedir a inundação dos campos de Santa Cruz, quando ocorriam enchentes do Rio Guandú.
Para chegar-se ao Sertão Carioca era necessária a utilização dos carros de bois ou montadas, foi somente em 1856 que foi autorizada a organização da companhia de Carris de ferro.A produção agrícola específica da região de Santa Cruz era a de arroz, mandioca, milho, feijão, café, cana e anil.A fazenda Imperial de Santa Cruz foi uma das mais importantes do Estado do Rio de Janeiro, muito embora a maioria das fazendas da cidade do Rio de Janeiro encontrar-se na mesma região, o “sertão Carioca” esta possuía maior expressividade, por isso mesmo chamada de zona rural até bem pouco tempo atrás. A zona Oeste Carioca era a região que localizava-se mais distante do centro nervoso da cidade, o que ocorre ainda hoje. Durante grande período foi “terra de ninguém”, depois latifúndio, a fazenda representava economicamente “terra de trabalho”, geograficamente ponto isolado e isolável, socialmente correspondia a uma ilha feudal onde poderiam ocorrer mandos e desmandos sem haver o risco de chegarem aos ouvidos das autoridades da época, essa região foi e sempre será uma terra que se transmuda, pois o território que em uma época a constituía, em outra já não, seus limites nunca foram fixos, basta uma breve pesquisa no arquivo nacional.
Sepetiba, bairro Localizado no litoral da Bahia de Sepetiba (Baixada litorânea de Sepetiba) Latitude / Longitude: -22.98, - 43.70 respectivamente, fica exatamente em uma espécie de Recôncavo, nome dado a uma de suas praias, tendo sua fundação datada no dia 5 de julho de 1567[2] com a chegada dos índios Tamoios; já possuiu grande expressão e evidência entre a elite carioca que se dirigia ao bairro em busca do lazer e da tranqüilidade que a localidade oferecia, hoje é um bairro esquecido e de pouca visibilidade, só sendo relembrado próximo as campanhas eleitorais pelas autoridades competentes.

Histórico

Encontraram, os exploradores portugueses uma nação relativamente civilizada em comparação a outras que já povoavam o Brasil, pois os Tamoios[3] receberam de bom ânimo os primeiros estrangeiros que aqui vieram, assim ocorreu com Solis Magalhães e até Martin Afonso, uma vez que conforme nos relata Pedro Lopes em seu “diário” “ A gente deste Rio é como a da Bahia de todos os Santos, senão quanto é mais gentil”. Os Tamoios ao contrário do que se pensava, eram muito inteligentes e astutos, por isso acho oportuno a inserção de um diálogo transcrito por Gastão Cruls entre um índio Tamoio e Jean de Léry [4]neste momento, a fim de demonstrar a tamanha perspicácia destes primeiros habitantes do Rio de Janeiro:Tradução deBaltazar da Silva:Lisboa:
“Índio: “Porque viestes e os portugueses de tão longe buscar madeiras? A vossa terra não vos subministra tantas para queimar?
Jean de Léry: Subministra e em grande abundância, mas não desse gênero de árvores, quais são as vossas, principalmente os Brasis, que não servem para queimar como julgais, mas para tingir, como fazeis aos vossos fios escarlates, penas e outras coisas.”
Tornou-lhe o índio: “E vós necessitais de tanta abundancia de madeiras?”
Respondeu-lhe Léry: “Sim, há entre nós um mercador que possuí muitas penas escarlates,facas, tesouras e espelhos, mais do que nós temos trazido; só ele compra todo o Brasil ainda que dele fossem carregados muitos navios”.
Disse o índio: “Contai-mês coisas admiráveis, e mais do que tenho ouvido, dizei-me, e este homeme tão rco não morre?”
“Morre” Respondei Léry, “assim como os outros homens”.
“e morrendo” insistiu o índio, “para quem ficam os bens?”
Respondeu o Francês: “ aos filhos, se os tem, quando não a seus irmãos ou aos parentes mais próximos”.
E então disse-lhe o velho índio: “Eu vos advirto franceses, que vós sois muito loucos, deque vos serve fatigar-vos tanto, atravessando mares, e para os vencerdes, passardes por tantos males, que vós tendes contado, a buscar riquezas para deixardes aos filhos que vos hão de sobreviver? A terra que vos sustenta não bastará também para sustentar a eles? Nós também temos filhos, e parentes, que vós tendes, e os amamos muito, porém, confiamos certamente,que, depois de nossa morte, a terra que nos sustentou, também os há desustentarda mesma forma, e nisso descansamos”.
Respostas tão inteligentes como esta denunciam a tamnha racionalidade destes homens e mulheres, primeiros habitantes da cidade do Rio de Janeiro.
Os índios Tamoios [5] eram aliados dos franceses e lutaram ao lado dos mesmos contra as tropas portuguesas até que os franceses foram derrotados e expulsos em 1567, a derrota e o fato de não aceitarem a submissão aos vencedores fez com que os Tamoios dividissem-se em grupos seguindo pelo litoral, um dos grupos dirigiu-se para o litoral oeste e resolveu se fixar na vasta planície banhada por praias inexploradas e acolhedoras; construíram ali uma aldeia, dedicaram-se à pesca, a caça e ao plantio, ao explorarem melhor o território, notaram a existência de uma grande quantidade de sape, motivo pelo qual começaram a chamar a terra de “Sepetuva”.
Há probabilidade que os índios Tamoios que habitaram a região de Sepetiba, sejam provenientes de redutos indígenas quase inexpugnáveis como o Uruçumirim[6] e Paranapuçu[7], que foram expulsos no dia 20 de janeiro de 1567 da “cidade” então capitania, provinciado do Rio de Janeiro.
O nome já diz muito. “Sepetiba”, em tupi, significa sítio dos sapês. Mas a região, que já foi coberta de florestas, hoje tem pouco mais de 5% de áreas naturais, sendo que 2% é de vegetação característica de mangue. Mesmo esse pouco de natureza que restou pode acabar destruído por causa da poluição.[8]
Mais tarde com a chegada dos padres portugueses da companhia de Jesus a palavra ficou “aportuguesada” passando então a terra a ser conhecida como Sepetiba. A área até os dias atuais possuí como vias principais a estrada do Piaí e a “Praia de Sepetiba” onde circulam a grande maioria dos transportes coletivos, hoje temos também a estrada São Tarcísio onde os transportes coletivos em direção ao bairro da Barra da Tijuca circulam dentre outros, bem como outra via chamada Aristides Goveia. Na rua José Fernandes circulam a maioria dos transportes alternativos (kombis, Vans) que por sinal é a opção de transporte com maior oferta do bairro, circulam em todos os horários, dificilmente inguiçam dentre outras vantangens, nesta rua localiza-se o único pronto socorro da região a “Casa de Saúde República da Croácia” e também o posto de saúde da região, devido a isso possuí um fluxo muito grande de pessoas moradoras não só do bairro mas das imediações no período da manhã . A rua da Floresta é onde se localiza a maior praça da região a “Oscar Rossim”, local onde os jovens se encontram no período da noite e os idosos realizam atividades físicas pela manhã, também onde mães levam seus filhos à tarde dentre outras atividades relizadas na mesma, inclusive atividades não tão inocentes, realizadas por jovens usuários de drogas que por vezes aparecem por lá em horários de menor movimento para se reunirem, além de pichadores etc. No decorrer desta pesquisa buscaremos analisar e demonstar como funcionaram e como funcionam as dinâmicas de sociablidade no bairro, a opinião dos moradores quanto aos problemas existentes, quanto à ausência do poder público, bem como a falta de opções de lazer, a poluição da Bahia dentre outras questões importantes envolvendo o bairro.

O período do império, o suposto desenvolvimento.

Sabemos que D. João VI e sua corte “transferiram-se” para o Brasil no ano de 1808 e inclusive estamos em fase de “comemoração” e “resgaste” do fato, após sua breve estada na Bahia, a corte transferiu-se para a cidade do Rio de janeiro. Somente após uma longa estada na cidade o príncipe regente, estimulado pelos padres da Companhia de Jesus resolveu visitar Sepetiba e adjacências, percorrendo o litoral da chamada “baixada litorânea” e concluiu que se trataria de um local apropriado para a navegação e para o escoamento de produtos.
O princípe regente trouxe escravos da África para que fossem construídos sob a supervisão dos portugueses, duas pontes e um cais na “ilha da pescaria”, antes mesmo da inauguração das pontes e do cais, três vapores: Eco, Lamego e Sepetiba foram utilizados para o tranporte de carga e passageiros entre Sepetiba e Santos (Alcebíades Rosa p.23), sendo que não possuímos nenhuma comprovação do fato até o momento.
Para consolidar a situação D. João VI elevou Sepetiba a condição de Província. Já que na região predominavam como moradores, índios, seus descentes, pescadores, lavradores, homens simples, D.João VI mandou que fossem construídos dois fortes [9]para proteger o regime Imperial, o Forte de São Pedro, erguido no chamado Morro de Sepetiba, para defesa da praia de Sepetiba e das ilhas da Pescaria e do Tatú, artilhado com oito peças, onde hoje provavelmente se encontra o Radar da base aérea, e o forte de São Leopoldo construído no morro do “Piranga” entre as praias do Cardo e de Dona Luíza ou Recôncavo, em posição dominante no morro da Sepetiba. Compunha-se de duas baterias, uma artilhada com cinco peças, batendo praia de Sepetiba e as ilhas da Pescaria e do Tatú, e outra, artilhada com quatro, batendo o terreno até a um grande alagadiço que então existia no extremo da praia de Sepetiba e o forte de Saõ Paulo, erguido em posição dominante em um morro pouco elevado, formando dois ângulos reentrantes: um com a praia de Sepetiba e outro com as de Pihai (atual praia do Recôncavo) e de Arapiranga (Ipiranga?). Compunha-se de diferentes estruturas, artilhadas com dezenove peças. ( fonte Aníbal Barreto – Fortificações do Brasil ,1958). “Precavido” D, João VI percebeu a vulnerabilidade desta região em caso de invasão. Em 1710, o corsário francês Jean François Duclerc [10]desembarcou 1.200 homens, sem encontrar resistência, e atacou a cidade, chegando até a Praça XV, no centro. As praias ao sul da Barra da Tijuca, principalmente Guaratiba e Sepetiba, eram as mais vulneráveis e desprotegidas.
No início do século XIX Sepetiba passou a ser frequentada pela Família Real durante o verão, uma propriedade onde hoje se encontra a praça Washington Luiz, a chamada “Casa da esquina” localizada próximo a colônia de pescadores Z-15, supostamente pertenceu ao Visconde de Sepetiba (Aureliano Souza e Oliveira Coutinho).
Circulavam pelo bairro ilustres convidados da corte, dentre eles visitantes estrangeiros, para seu entretenimento touradas eram realizadas por toreadores vindos diretamente da Espanha para entreter os convidados, havia também saraus e apresentações de danças típicas portuguesas. Somente neste período a vida social de Sepetiba era interessante para a elite da época, nos outros meses do ano era calma e tranquila mantendo-se o ritmo da vida simples dos moradores do local, pescadores e sitiantes, a iluminação era feita por lapiões à óleo retirado da mamona, que era abundante na região.
O escoamento dos poucos produtos produzidos era feito por via marítima, até que foi fundada a companhia Ferro Carril [11]oferecendo ao local o transporte terrestre feito pelo bonde de tração animal, cuja obrigação era a de transportar a “mala real” até o “Cais de Sepetiba” [12]bem como realizava o transporte de cargas e passageiros entre Itaguaí, Santa Cruz e Sepetiba, os bondes chegaram a ser fretados para realização de piqueniques nas praias locais.
Segundo o Autor Alcebíades Rosa, alguns insurretos da revolta armada de Santa Catarina zarparam em direção ao Rio de Janeiro e acabaram atracando acidentalmente na praia de Sepetiba, foram presos e levados a chamada “ilha da pescaria” onde foram fuzilados e lá mesmo enterrados por ordem do comando republicano.Somente por meio da tradição oral esse episódio manteve-se na memória dos moradores mais antigos, pois não há registros de acesso público sobre tal fato e se houverem ainda não chegaram ao nosso conhecimento, justo porque ainda não concluímos a presente pesquisa. A ilha teve seu nome mudado pelos próprios moradores que sem poder fazer nada e indignados com o acontecimento modificaram seu nome para “ilha do marinheiro” e também para homenagear a marinha do Brasil fundada por D. João VI. Nota-se ao longo da praia de Sepetiba a existência de duas cruzes estratégicamente colocadas, uma em frente a colônia de pescadores e outra na direção da rua onde se localiza a Praça Oscar Rossim, os moradores mais antigos afirmavam que a primeira cruz foi encontrada pelos índios Tamoios quando chegaram em Sepetiba, trata-se da cruz que se localiza em frente a colônia de pescadores Z-15, que segundo eles não teve sua localização alterada desde então. Quanto à cruz localizada em frente à rua da praça Oscar Rossim, esses mesmos moradores afirmaram para Alcebíades Rosa tratar-se da Sepultura de um dos marinheiros fuzilados, o seu corpo fôra encontrado naquele local e ali mesmo enterrado.
Essas histórias, estórias e lendas de Sepetiba, hoje são pouco comentadas, em pesquisa notamos que raros moradores atuais têm acesso a tais informações, também pouco se interessam pelas mesmas, e, além disso, a maioria dos moradores que ajudavam na disseminação desses fatos e estórias já não estão mais entre nós, a única fonte que possuímos é o livro escrito por Alcebíades Rosa, no qual nos baseamos bastante para realização deste trabalho inicial e o livro de Registros da Paróquia de São Pedro, que foi cuidadosamente revisto e atualizado pelos padres que por lá passaram além de poucas informações em registros de leis e decretos e é claro os documentos disponíveis no arquivo nacional. Nas escolas também não se procura resgatar a auto-estima dos moradores por meio do resgate da importância histórica do local, o que seria de grande valia para a identificação dos jovens estudantes para com seu bairro, já que observamos que muitos dizem “detestar” o local, e isso também contribuiria para que as futuras gerações do bairro fossem mais mobilizadas, interessadas no futuro da região e da preservação do local.

Sepetiba e as relações sociais na república.

Com o advento da república, Sepetiba passou a viver uma fase atribulada, promovida pelos novos mandatários interessados em esconder seus desmandos durante o final do império já que Sepetiba não possuía mais uma grande visibilidade e a corte já não se deslocava mais até a região aproveitaram para cometer diversas atrocidades, porém a população local, mesmo sendo formada por homens simples, em sua maioria lavradores e pescadores soube reagir, livrando Sepetiba de qualquer responsabilidade quanto a fatos que pudessem denegrir sua imagem, contudo talvez tenham também contribuído para a sua inexpresão ante outros bairros com as mesmas características em seu passado, como é o caso do Bairro de Santa Cruz, com visiblidade quanto a sua historicidade sensivelmente mais disseminada que a do bairro de Sepetiba..
Em Sepetiba durante o período que vai de seu “descobrimento” até a sua ascensão como província, residiam apenas os índios tamoios, após D. João VI baixar o decreto lei no dia 26 de julho de 1813 reconhendo Sepetiba como povoado e demarcando sua área , doando as terras aos pescadores e lavradores que haviam dirigido-se para região as coisas vão se modificando.A área foi dividida em sítios e doados inicialmente as seguintes pessoas segundo Alcebíades Rosa: Raymundo Nascimento, Francisco Teophilo, Mano Velho, Pedro Evaristo da Silva, Manuel de Constâncio, Domingos Monteiro Ramalheira, Maria da Terra e Afonso Boaventura.Durante a República, alguns pescadores e lavradores de outras localidades foram fixando-se nas proximidades das praias da região construindo pequenas casas de pau-a-pique cobertas com sapé.
A primeira praia a ser vista como “ponto turístico” e local de lazer de Sepetiba foi a praia de Sepetiba, que possuía uma boa faixa de areia e águas claras. Algum tempo depois, não se sabe ao certo, foi sendo explorada a praia de Dona Luisa que ganhou esse nome devido ao fato de lá residir uma solitária senhora de mesmo nome em uma humilde casa de Pau-a-pique junto à praia. Os caminhos, vielas foram sendo abertos aos poucos até que se descobriu também a praia do Cardo, que recebeu este nome por causa da planta que se espalhava por toda aquela região e logo se abriu o caminho que levaria a praia do Saco Piaí, hoje possivelmente conhecida por praia da Brisa e que não consta mais como parte do bairro, sendo localizada nos registros atuais como pertencente ao bairro/região de Guaratiba.
Como pode se deduzir a atividade principal da região sempre foi à pesca, e todas as outras atividades sociais, fossem religiosas ou de outra espécie giravam em torno dos costumes e crenças desses habitantes locais. Se não fosse a manutenção da tradição oral entre os moradores mais antigos muito da história desse local haveria se perdido no tempo, já que os republicanos fizeram um grande esforço para que isso ocorresse, inclusive destruindo documentos.
O trabalho dos pescadores começava e ainda começa cedo, muito embora hoje encontrem muitas dificuldades para desempenharem seu ofício, aproximadamente pelas quatro horas da manhã. Após muitas horas de pesca em mar aberto retornavam a praia onde os interessados aguardavam para efetuarem a compra de peixe fresco, eram feitos leilões, a melhor oferta levava o produto, as redes eram fabricadas por senhoras, na chamada fábrica de redes, outra caracteristica desse período segundo Alcebídes Rosa é o chamado tabuleiro, que se tratava de um tabuleiro simples repleto de guloseimas que eram oferecidas aos pescadores que saiam em jejum, por crianças mandadas por essas senhoras que as produziam.
Hoje, a Colônia de Pescadores Z-15 fica boa parte do tempo fechada. Para buscar peixes, os pescadores atravessam todo litoral de Sepetiba, que possuí 5,8 quilômetros de extensão, divididos em três praias. A Praia de Sepetiba é a maior, com 2,6 quilômetros. A Praia do Cardo tem pouco mais de 2 quilômetros. A menor delas é a Praia de Dona Luiza, também conhecida como Praia do Recôncavo, com 1,1 quilômetro. Todas as praias estão prejudicadas pela poluição da Baía de Sepetiba, porque ficam localizadas no chamado “fundo de baía”, para onde tendem a ir os sedimentos da água além de estar quase que completamente assoreada. O resultado é uma areia suja e uma água preta[13] acúmulo de resíduos poluidores prejudicando a pesca e a desconfiança dos consumidores pelo peixe do local, único modo sobrevivência desses trabalhadores que dependem da pesca, da confiabilidade de seu produto, neste caso o peixe para sua subsistência.
As atividades de plantio durante o período que vai da metade do século XIX até a primeira metade do século XX, ou lavoura, também eram realizadas pelos pescadores que foram beneficiados através do decreto lei de 1813, que plantavam em seus sítios aipim, batata doce, laranja dentre outras frutas, legumes e hortaliças. Mas o cultivo em larga escala era o da cana de açucar e do café; os produtos cultivados nos sítios, após serem colhidos e colocados em caixotes eram deixados nas porteiras dos sítios para que no final da tarde um caminhão viesse buscá-los para negociá-los no “Mercado central de Madureira” (Alcebíades Rosa).
Hoje as atividades comerciais de Sepetiba não são tão variadas assim, encontra-se no local estabelecimentos comerciais típicos de pequenos bairros, como padarias, farmácias, minimercados, um único Super Mercado, algumas academias, muitos quiosques, bares e “barracas” como os moradores antigos costumavam chamar os “breus” dos pescadores, armarinhos, pequenas lojas de roupas, algumas lachonetes, até mesmo franquias de bancos de empréstimos já existem por aqui, sem contar com as escolas particulares que também tem uma atividade comercial, dentre outros estabelecimentos como lojas de material de construção, ferragens, rações e muitos outros, não chegando no entando a possuir um centro comercial intenso e expressivo. Mesmo tendo se passado muito tempo, os moradores ainda conhecem geralmente os responsáveis pelos estabelecimentos comerciais, mantendo-se muitas vezes relações de amizade mais próxima. Como é caso dos comerciantes mais antigos do local.

A mudança das atividades comerciais.

Bem no início do século XX surge no local denominado Saco do Piaí uma pequena fábrica de Cal que proporcinou aos moradores locais uma forma de complementar sua renda, já que a fábrica necessitava das cascas de mariscos e ostras que até então eram abundantes na região. Atrás do chamado “Morro de Sepetiba” hoje conhecido como “Morro da Faxina” foi construída uma pequena olaria no mesmo período, que tinha como responsável um homem conhecido como Juvenal Leodugério de Souza.
O comércio também foi se expadindo na região, tendo o número de moradores aumentado, surgindo pequenas fábricas. O primeiro armazém (Antiga “Venda”) era localizado onde hoje se encontra o Clube Sepetiba Futebol e Regatas, na esquina da rua da Floresta com a colônia dos pescadores, tendo como proprietário um homem conhecido como Cornélio. Logo após foi fundada a primeira padaria, localizada na esquina da praia de Sepetiba com a praça Washington Luiz (coreto), seu prorietário era João Francês, e em se tratando do chamado Coreto vale a pena ressaltarmos que em 21 de julho de 1903, foi inaugurado um coreto na Praça 15 de Novembro, iniciativa do então Prefeito Pereira Passos. Era de ferro sobre uma base de alvenaria, ofertado à cidade pela Companhia Carris Urbanos. Houve muita controvérsia qunto ao seu local de estabelecimento. Uns acharam ruim a idéia de naquele local, levantar-se um pavilhão de música mais apropriado a um parque, outros, ao contrário, acharam excelente a idéia de instalá-lo ali, em uma praça recém-ajardinada, junto a terminais de várias linhas de bonde e de barcas. A inauguração, concorridíssima, ocorreu às 16:00 horas, com a banda de música do Corpo de Marinheiros Nacionais, conduzida pelo Primeiro-Tenente João Pereira da Silva, Resultado: O coreto, ainda na primeira metade do século XIX, foi transferido para Sepetiba, onde está até hoje na Praça Washington Luiz, já foi cenário de gravação de novelas e hoje serve como ponto de encontro de moradores das imediações do mesmo, de pescadores etc.
E assim foram surgindo os bares, chamados pelos pesadores de “Breus” ou seja, onde não tem muita luminosidade, “Nico” foi o propretário do primeiro “Breu”, que localizava-se na esquina da praia de Sepetiba com a colônia dos pescadores, o segundo tinha como responsável Joaquim Camargo e ficava na esquina da praia de Sepetiba com a praça Washington Luiz.O primeiro “Breu” virou “Armazém Zépelin” de propriedade de Agostinho Viviane, nas esquinas das Ruas Pedro Leitão e da Floresta. Foi instalado o armazém de Zinho Porto no trecho da rua Pedro Leitão que tem como final a praia de Sepetiba, surgiu o armazém da Cecília Turca dentre outros que foram sendo inaugurados conforme a necessidade do local. Os armazéns dessa época vendiam todos os tipos de utensílios que a população local pudesse precisar, desde temperos até roupas femininas e chinelos, todos se conheciam, então os comerciantes adotavam o sistema da conhecida “Caderneta de crédito”, costume muito comum na época.
O primeiro “armarinho” localizava-se na praia de Sepetiba entre a rua Pedro Leitão e a colônia dos pescadores, em seguida começaram a ser inauguradas as barbearias, a primeira ficava no morro da Faxina e era de propriedade de Félix Pavoa, o primeiro restaurante ficava também na praia de Sepetiba no mesmo trecho onde se localizava o primeiro armarinho, tinha como proprietário Cecílio Faleiro dos Santos, mais tarde surgiu outro restaurante no mesmo trecho que tinha como proprietário Pedro Silva, e o restaurante de João Camargo que ficava na esquina da Rua do Iate com a praia de Sepetiba. Podemos notar que a rua onde Sepetiba começou a se desenvolver foi a rua Pedro Leitão e suas imediações, provavelmente pela proximidade com a ilha do marinheiro e com o antigo forte de São Pedro bem como do antigo Cais e da principal via de acesso ao bairro na época, a Estrada de Sepetiba.
Atualmente nota-se que a Rua Pedro Leitão ainda é como uma espécie de centro comercial do bairro, muito embora outras localidades também tenham desenvolvido um comércio significativo se comparado ao da época referida anteriormente, o final do século XIX e início do século XX. A rua da Floresta também uma das mais antigas é bastante movimentada, outras ruas como a José Fernandes onde se localiza a Casa de Saúde República da Croácia, o posto de Saúde, o chamado “Brizolão” (CIEP), possui uma “rede” comercial significativa, devido ao grande fluxo de pessoas que circulam durante todo o dia na localidade, e, além disso, pela oferta de transporte do local, desde o início da rua Aristides Goveia até seu fim na estrada do Piai possui muita movimentação e inclusive o trecho da estrada do Piai onde a rua José Fernandes termina também é um dos mais movimentados da via, lá se encontram bares, salão, lojas, o único super mercado da região dentre outros estabelecimentos comerciais.
A praia de Dona Luisa ou Recôncavo tornou-se a referência em se tratando de lazer no bairro para os jovens, lá se encontram quiosques, bares, o clube Recôncavo de Sepetiba é bem proximo da mesma, localizando-se na estrada São Tarcísio que tem ligação direta com a praia, lá também acontecem a maioria dos eventos festivos do bairro exceto a festa de São Pedro que como tradição é realizada na rua Pedro Leitão, o carnaval mais animado do bairro ocorre nesta praia, também as comemorações de ano novo, e demais eventos. A Estrada São Tarcísio também é uma via de bastante movimento, nela também encontram-se estabelecimentos comerciais variados, locadoras, lojas de artigos vendidos ao preço de R$ 1,99, salões de beleza etc. Hoje a Avenida Santa Ursulina também possui o seu comércio, a chamada rua do Valão, muito embora não tão expressivo quanto o de outras localidades do bairro, já que suas obras de melhoria foram efetuadas a poucos anos atrás; até então era uma rua sem asfalto, de difícil acesso, onde quando ocorria chuvas era quase impossível a locomoção, além do fato do referido valão transbordar nestas situações.
Logo podemos observar que mesmo ainda sendo inferior a alguns bairros da zona Oeste em se tratando de comércio, lazer, cultura, como Santa Cruz, Campo Grande dentre outros, Sepetiba aumentou seu número de estabelecimentos comerciais significativamente em comparação há alguns anos atrás, provavelmente só não se desenvolveu mais devido às diversas dificuldades de acesso a determinadas ruas, a precariedade no sistema de transporte local dentre outros problemas do bairro, por incrível que pareça ainda existem muitas ruas em condições precárias, quanto ao asfaltamento, alagamento, além da ocorrência de suspensão do abastecimento de água etc.

Relações sociais em Sepetiba e a religiosidade.

Como sabemos São Pedro é o padroeiro dos pescadores, mas até o ano de 1895 em Sepetiba não havia nehuma capela dedicada ao santo de devoção dos mesmos, e assim os moradores, pescadores, comerciantes e a comunidade em geral uniu-se e no dia 7 de outubro de 1894 formaram uma comisssão encarregada de construir uma igreja dedicada ao santo, o morador conhecido pelo nome de Henrique Alves foi presidente desta comissão, Antonio Ferreira Fraga secretário, João Costa Santos tesoureiro e Custódio José de Campos o procurador da comissão, a capela dedicada a São Pedro foi inaugurada oficialmente no dia 29 de junho de 1895 com direito a comemorações religiosas e populares.
Todas as noites às 19:00 horas eram realizadas “ladainhas”, as missas ocorriam uma vez por semana, aos domingos, às 8:00 da manhã, Newton Barreto, José Consolaro, Guilherme Decaminada, Antônio Amélio entre outros foram padres da paróquia local.No período que corresponde ao das Santas Missões, que ocorria uma vez por ano, a capela de São Pedro recebia a visita dos frades, que celebravam casamentos, crismas sempre com a presença do cardeal Arcebispo da cidade do Rio de Janeiro, dentre os frades que mais visitaram a capela estão os Frades Xisto, Estevão e Cezário.Hoje Sepetiba possui outras capelas e igrejas, a sede da paróquia de São Pedro, juntamente com a casa Paroquial localiza-se na Igreja de Santa Edwirges, próximo a praia de dona Luíza, dentre outras igrejas como a de Nossa Senhora da Conceição, nossa Senhora Aparecida localizada atrás do CIEP Ulisses Guimarães, A igreja do Divino Espírito Santo localizada na Avenida Santa Ursulina, dentre outras.
Anos mais tarde foi criada a primeira Igreja Evangélica do local, fundada por Gabriel de Almeida, residente da rua Pedro Leitão, local onde o “Templo” passou a funcionar, sob o nome de “Igreja Evangélica congregacional de Sepetiba”, mais tarde foi transferido para a rua da Floresta. Atualmente as igrejas evangélicas proliferam significativamente no bairro, tanto que ultrapassaram o número de centros espíritas e Igrejas católicas, existem diversas igrejas evangélicas no bairro, de diversas correntes protestantes, Batista, Congregacional, assembléia de Deus, Universal dentre outras.
Segundo Alcebáides Rosa o primeiro centro Espírita chamava-se Nossa Senhora da Conceição e Apóstolo São Pedro, tinha um considerável número de adeptos seguidores, que vinham inclusive de outras localidades, seus fundadores foram o velho Ramalheira, Julieta Rosa, Laudelino Francisco Rosa dentre outros, tinha como sede a residência de um dos seus fundadores na rua das Pitangueiras.

A educação em Sepetiba.

A educação em Sepetiba era e ainda é deficitária, o primeiro professor morador do local foi um homem conhecido como velho Fraga, realizava aulas particulares nas residências, com a criação do Distrito Federal, a prefeitura inaugurou a primeira escola municipal da região, localizada na rua da Faxina, atual estrada de Sepetiba, em um terreno cedido pela família Honório Pimentel, a escola recebeu o nome de Nair da Fonseca, não foi possível para Alcebíades Francisco Rosa obter maiores dados sobre a instituição, e nem conseguimos obtê-los também. Na igreja Evangélica Congregacional de Sepetiba foi instalado um pequeno colégio de alfabetização, o professor Antônio Cerqueira Fontes, uma das fontes de Alcebíades Rosa, montou em sua casa uma enorme sala de aula onde realizava aulas gratuitamente.
De acordo com duas antigas professoras da escola:
“Eu recebia sempre dos meus alunos alimentos produzidos em seus sítios, batata, limão, laranja, aipim, muitas coisas, eram de famílias muito simples, e sempre procuravam me agradar, nunca fui moradora do local, meu falecido sogro possuía uma casa de veraneio no lugar, mas não cheguei a freqüentar, pois ele se desfez da propriedade antes de eu me casar com seu filho, tenho boas recordações desse período, notava-se claramente que se tratava de uma comunidade rural, pelo comportamento e pelos presentes que eu recebia, contudo eram alunos muito dedicados e inteligentes não perdendo em nada para os das escolas da zona norte onde eu também dava aulas”.[14]

“Meu Deus! faz tanto tempo, conheço o local, quando me formei no normal fui dar aulas na escola Nair da Fonseca antes de me casar, gostei tanto do lugar que mesmo depois que deixei de dar aulas não perdi os vínculos com alguns ex-alunos, inclusive retornei com meu marido e meus filhos tempos depois para fazermos piqueniques na praia que era muito bonita, e conhecermos a casa de um desses alunos, isso no final da década de 1960 e início da década de 1970, nunca mais tive oportunidade de voltar, também porque tive muitos problemas de saúde, nós professores tínhamos muita pena desses meninos, pois eram de famílias muito humildes, e sabíamos que eles não teriam muita oportunidade de prosseguir nos estudos”.[15]

Hoje, Sepetiba conta com as escolas municipais, Nair da Fonseca, Nelson Romero, Felipe Camarão, Com os dois CIEPs, com a escola municipal Julio Cezário de Mello, e também com uma certa variedade de escolas particulares, infelizmente só existe um colégio estadual, localizado no conjunto habitacional Nova Sepetiba, o Carlos Arnoldo Abruzzine da Fonseca, mesmo as escolas municipais existentes não são suficientes para suprir as necessidades do bairro,além de não serem digamos, “referência” em educação pública de qualidade.Dentre as escolas particulares do bairro, podemos citar, O Educandário Edith dos Santos localizado as margens da estrada do Piai próximo a rua Pedro Leitão, O Centro Educacional Rosa Fiorino na Estrada de Sepetiba,o Instituto Oliveira Santos, dentre outras. Muitas escolas particulares que já existiram no bairro, foram inauguradas por pessoas de má fé que sabendo da falta de informação e de acesso a mesma por parte dos moradores poderiam se fazer valer da inocência destes, fundando escolas ilegais, incentivando alguns moradores desinformados e ansiosos para voltarem aos estudos a matricularem-se devido a facilidade da documentação necessária e também do baixo preço das mensalidades dentre outras facilidades. Sepetiba também conta com um grande número de “explicadoras”, talvez devido a precariedade no ensino das escolas públicas e particulares da região, além da falta de oportunidade de empregos para professores da região, que se vendo desempregados acabam encontrando esta alternativa como modo de complementação de renda.



Os meios de Transporte.

Como já foi dito, durante o império, D João VI mandou que fosse construído um cais na chamada ilha da pescaria, mas tarde ilha do marinheiro, esse fato deu início ao transporte por via marítima em Sepetiba, entre Sepetiba e Santos. Iniciou-se também neste período o transporte de bondes de tração animal da CIA Ferro Carril, esse meio de transporte era utilizado entre os bairros de Sepetiba, Santa Cruz e o hoje município de Itaguaí, durou pouco tempo, e passou a ser feito por carroças e charretes.
Antônio Pereira da Silva, residente da Rua Pedro Leitão, comerciante de peixes na praça XV localizada no centro da cidade do Rio de Janeiro foi o fundador da primeira Linha de ônibus entre Sepetiba e Santa Cruz, inaugurada no dia 31 de Dezembro de 1926 tendo seu primeiro ônibus sido apelidado carinhosamente de “dondoca” segundo Alcebíades Rosa, o primeiro motorista da linha foi Elias de Almeida, a primeira garagem da empresa ficava ao lado da residência de um senhor chamado Antônio Pereira e a empresa durou até o ano de 1932. Até que foi vendida a um homem conhecido como Daniel, que a repassou para Antônio Coelho de Amorim Junior e mais tarde vendida para José Cardoso da Silva, que foram progredindo e expandindo as linhas.
Poderíamos convir que com o aumento da população, a construção do Conjunto Habitacional Nova Sepetiba, o próprio lento desenvolvimento do bairro, as linhas deveriam ter se multiplicado, pelo contrário, a precariedade nos transportes em Sepetiba é lastimável, o bairro só possuí uma linha de ônibus para o centro da cidade, que só passa em horários determinados, a linha 390, muito antiga por sinal que também tem como destino o bairro de Coelho Neto, outra que leva ao bairro de Jardim Paraíso na baixada Fluminense, que também tem horários espaçados, muito distantes, a linha 882 que leva ao bairro da Barra da Tijuca, que segundo seus responsáveis seus carros saem com intervalos de uma à uma hora e meia dependendo do trânsito, a linha 875 que leva a cascadura, e também tem horários muito distantes e duvidosos, e as linhas que levam às imediações como S03 Campo grande, 866 (Campo grande via Magarça), 870 Bangu, 871 Campo grande.
Existe no local o transporte alternativo oferecido por Vans e Kombis, que tem como destino Bangu, Campo Grande e Santa Cruz.


A saúde em Sepetiba.

Sepetiba possuía um serviço médico efetuado pela antiga “Malária” sempre acompanhado pelos chamados “guardas Sanitários”, a função destes era bem parecida com a dos atuais agentes comunitários de saúde, andavam de casa, recolhiam material para exames e informações, sua preocupação principal era a prevenção da malária entre os moradores. Além disso, a “Malária” limpava valas a fim de evitar-se a proliferação de mosquitos, de quinze em quinze dias eram trazídos os conhecidos “Mata mosquitos”, que na época eram guardas de uniforme cáqui portando pequenos recipientes com petróleo, martelos de perfuração e outros objetos necessários na época para combater aos mosquitos, eram conhecidos dos moradores assim como os “guardas Sanitários”, além do trabalho de combate a malária, Sepetiba recebia periodicamente a visita de alguns médicos, dentre eles podemos citar o doutor Julio Cezário de Mello, que mais tarde recebeu homenagem através do nome da conhecida via de acesso entre os bairros de Sepetiba, Santa Cruz e Campo Grande e de uma escola localizada na estrada de Sepetiba próxima ao conjunto habitacional Nova Sepetiba, também de Lourenço de Mello e José Pinho, este último era o diretor do programa “Malária” no chamado “Sertão Carioca” como era conhecida a Zona Oeste além de zona Rural.
Hoje contamos com o atendimento precário da Casa de Saúde Republica da Croácia que recebe pouquíssimos recursos, aonde chega até mesmo a faltar material para atendimento de emergência simples, como linha cirúrgica para suturas.
“Cortei meu braço em um vergalhão, fui parar na Croácia, me deram uma injeção, eu tinha que tomar doze pontos, mas eles não tinham a linha, tive que pedir dinheiro emprestado para poder tomar os pontos”.[16]
Também existe no bairro um posto de saúde, e agora duas clínicas particulares, uma localizada na estrada de Sepetiba e outra na rua Aristides Goveia.
[1] Povoação pastoreada por um cura. Cura - s. m., pároco de aldeia; coadjutor de pároco.

[2] Trata-se de uma especulação o dia exato da chegada dos índios Tamoios em Sepetiba, porém supõem-se que tenha sido de fato no mês de julho, por isso o então vereador “Gerominho” conhecido em quase toda a zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro foi o responsável pela lei que definiu a data em que seria comemorado o aniversário do bairro.
[3] Os tupiniquins chamavam os tupinambás de tamoios que significa mais antigo e, chamavam as aldeias amigas de guaianã que em tupi significa verdadeiramente manso (guaya= manso e nã=verdade). Os portugueses, acostumados a ouvir os tupiniquins chamando os índios amigos de guaianã acharam que essa palavra se referia àquela casta de índio e por essa razão acabaram chamando os tupiniquins de guaianases, concluindo erroneamente que era a forma que eles se autodenominavam. Uma outra hipótese para os portugueses chamares os tupiniquins de guaianases está no fato de que quando estes desciam para o litoral no meses de inverno em busca de alimento, ficavam em tocas formadas por grandes pedra e em tupi goiaminis quer dizer aquele que vive sob pedras e sua pronuncia é parecida com guaianáses.
[4] Léry era um jovem sapateiro e seminarista quando, em 1556, tomou a decisão de acompanhar um grupo de ministros e artesãos protestantes em uma viagem à França Antártica, colônia francesa estabelecida na baía de Guanabara, atual cidade do Rio de Janeiro.

[5] Os verdadeiros “donos” da cidade do Rio de Janeiro, os índios tamoios, possuíam numerosas “choças” espalhadas pela orla de guaratiba em longas e velozes almadias, feitas de casca de árvores; despreocupadamente cruzavam e recruzavam as águas até que aportassem na cidade os primeiros homens brancos. Das aldeias do índios tamoios ao menos de 30 temos notícias confiormadas por fontes documentais e históricas e encontravam-se nas localidades onde até hoje onserva-se os nomes dados por estes como por exemplo: Pavuna, Sarapuí, Irajá, Sepetiba, Inhomerim dentre outras localidades da cidade do Rio de Janeiro.(coleção Documentos Brasileiros – Gastão Cruls – Aparência do Rio de Janeiro – Notícia histórica e descritiva da cidade- 1º volume)
[6] O Entrincheiramento de Uruçumirim localizava-se no interior da baía de Guanabara, aproximadamente entre a foz do rio Carioca e o atual outeiro da Glória, onde hoje se localiza a rua Praia do Flamengo, na cidade e estado do Rio de Janeiro, no Brasil.

[7] Em 18 de janeiro, Estácio de Sá recebe o reforço da esquadra de seu tio Mem de Sá. Em 20 de janeiro durante um ataque às paliçadas de Uruçu-mirim e Paranapucu, defendidas por tamoios e franceses, Estácio de Sá é ferido por uma flecha e morre aos pés do Pão de Açúcar em 20 de fevereiro.
[8] Matéria exibida pelo RJ TV no dia 16 de Abril de 2006
[9] GARRIDO (1940) acrescenta que todas as fortificações entre a barra de Guaratiba e Sepetiba (litoral sul do então Distrito Federal, antigo Município da Corte), se encontravam, em 1838, sob o comando único do Capitão Inácio Luiz Sodré (op. cit., p. 127). As fortificações de São Pedro, São Paulo, São Leopoldo e mais Piahi, Uripiranga e Lameiro, se encontram relacionadas entre as defesas do setor Sul ("Fortificações de Sepetiba") no "Mapa das Fortificações e Fortins do Município Neutro e Província do Rio de Janeiro" de 1863, no Arquivo Nacional (CASADEI, 1994/1995:70-71).

[10] Duclerc desembarcou em Sepetiba e pôs-se a caminho da cidade do Rio de Janeiro atravessando os morros. Ele e seus homens chegaram na cidade exauridos pela difícil travessia e foram facilmente derrotados pelas forças da capital.
[11] Surgia, em fins do Século XIX, o serviço de bondes, a princípio entre Santa Cruz e Sepetiba, porém esse primeiro trecho durou pouco, sendo encampado, em 1911, pela EFCB, que aproveitou seu leito para estender a via permanente da ferrovia, que constituiu o trecho rumo Itaguaí, ainda hoje existente, da linha de Mangaratiba. Os bondes da antiga “Zona Rural” (atual Zona Oeste) ou Sertão Carioca estabeleceram-se, contudo, entre Campo Grande e Guaratiba, utilizando os carros a burro da extinta linha de Sepetiba, a partir de 1911, ocorrendo a eletrificação em janeiro de 1915 (“Empresa Ferro-Carril de Campo Grande a Guaratiba”), adotando-se a bitola de 1,435 m, que tornou-se universal no Rio de Janeiro, só mantendo-se a bitola estreita em Santa Teresa, até hoje. O serviço foi inaugurado em 17 de Maio de 1917, e em 1918 inaugurou-se o ramal de Campo Grande ao local denominado “Ilha”. Esse sistema funcionou até 1967.
[12] No dia 17 de outubro de 1882, pelo Decreto 8.711 foi concedido o privilégio para a construção de uma linha ferro carril entre a estação de Santa Cruz da Estrada de Ferro Dom Pedro II e a localidade de Sepetiba, sendo a linha inaugurada no dia 28 de julho de 1884.
A linha terminava no cais de Sepetiba, de onde partiam pequenos barcos a vapor para Parati, com escalas em Mangaratiba e Angra dos Reis. Tanto o bonde quanto os barcos eram explorados pela mesma companhia.A linha tinha 11 km de extensão, com bitola de 0,82 metro.No trecho, em 1908, eram realizadas 3 viagens/dia/sentido.A linha é extinta em novembro de 1910.
[13] Fonte RJ TV e por meio de pesquisa.
[14] M. Gomes 56 anos professora, entrevistada em 20/11/2007.
[15] M.Vieira 78 anos professora, entrevistada em 18/11/2007.
[16] J. Pereira, 18 anos netrevistado em 14 /11/2007.



O progresso chegou em Sepetiba?

Desde que Sepetiba perdeu seu Status de província, os moradores lutaram e ainda lutam por melhores condições de infraestrutura em geral. Somente com a visita do presidente Washington Luiz, alguns representantes dos moradores lhe solicitaram a instalação de água potável no local, o pedido foi “atendido”, e foi instalada na praça Washington Luiz uma bica com canalização vinda do bairro de Santa Cruz, no mesmo local, no ano de 1940, mais precisamente segundo Alcebíades Rosa no dia 15 de Novembro, o General Eurico Gaspar Dutra, então presidente do Brasil determinou que se construísse um chafariz no lugar da bica, ambas soluções irônicas e sem funcionalidade, pois do mesmo modo a maioria da população tinha de sofrer para conseguir água.. Somente quando Miécimo da silva, então vereador, conseguiu em 1956 substituir a precária tubulação de água potável vinda de Santa Cruz, as necessidades da população foram relativamente atendidas, que já neste período chegava ao número de 36 mil habitantes.
O ministério de viação e Obras públicas, que também era responsável pelo departamento de correios e telégrafos, inaugurou na rua Pedro Leitão no dia 1º de janeiro de 1935 a primeira agência postal telegráfica de Sepetiba, seu primeiro Telegrafista chamava-se Chagas, mais tarde substituído por Mário Miranda, a entrega domiciliar era feita pelos carteiros: Hamilton Izidoro Pereira, Elcio, Natan, Cruz dentre outros que lhes sucederam e eram queridos pela população de acordo comos relatos daos à Alcebíades Rosa.
A atual colônia de pescadores foi fundada em 10 de março de 1934 por Benedicto Caetano da Silva e sua esposa Quininha, cujo pefixo era Z-20. Na construção datada de 1886 seu prefixo era Z-9 e atualmente o seu nome oficial é colônia Z-15.
A colônia de pescadores nesse período, durante o inicio do século XX lutava bastante pelos interesses da comunidade em geral, tanto que durante a segunda guerra mundial, Sepetiba e adjacências não possuíam luz elétrica, o sistema de iluminação era feito através de lampiões de querosene e os homens conheidos como Genésio Barboza, alvino Gabriel de Almeida, Manuel Vaz, todos integrantes da colônia e do Z-20, clube de futebol da época, se dispuseram como os responsáveis pela compra e venda do querosene para iluminação através de uma cota que conseguiram junto ao governo federal, e como o racionamento era muito rígido, criaram um também rígido sistema de cadastramento, com o objetivo que nenhum morador ficasse sem a quantidade necessária de querosene para iluminação.
O tenente Osvaldo Marques de Oliveira, o capitão Israel Marques Leal Sobrinho e Luiz Alves fundaram o centro de melhoramento pró-Sepetiba, com o objetivo de controlar a limpeza das valas existentes na localidade dentre outros. No dia 30 de Novembro de 1949, o então governador do Distrito Federal, General Ângelo Mendes de Moraes inaugurou a luz elétrica em Sepetiba e adjacências. Para tanto ocorreram solenidades realizadas na praça Washington Luiz onde se montou um enorme palco para recepcionar as autoridades presentes, senadores, deputados federais, vereadores, além do prefeito e secretários, a benção oficial foi dada pelo padre Arruda Câmara, membro da câmara dos deputados, a banda oficial da antiga guarda municipal do Rio de Janeiro executou o hino nacional e em seguida o prefeito Mendes Moraes, exatamente as 18:00 horas ligou a chave iluminando a praia.Após a solenidade a comitiva seguiu em direção ao restaurante de propriedade de Pedro Silva, localizado na praia de Sepetiba, esquina com a rua Pedro Leitão, onde foi oferecido um jantar para as autoridades e convidados.
O XIX distrito de limpeza urbana, com sede em Santa Cruz, órgão pertencente à prefeitura do distrito federal estabeleceu em Sepetiba uma espécie de núcleo, que funciona até hoje, dirigido pela comlurb.
Hoje contamos com algumas associações de moradores em funcionamento que reinvindicam melhorias necessárias para o bairro, uma comissão de despoluição da Bahia de Sepetiba que vem lutando incessantemente, algumas “Ongs” que aparentemente não suprem as necessidades do local, alguns projetos sociais de cunho político, outros não, alguns financiados por grandes empresas como é o caso da vale do Rio Doce sem muita expresividade e relevância etc. Sepetiba ainda não possuí uma agencia bancária, há algum tempo atrás existia uma casa lotérica onde eram efetuados pagamentos de contas etc, que acabou fechando após sucessivos assaltos, hoje próximo ao “PoliSuper” super mercado da região existe uma única casa lotérica que realiza essas operações juntamente com o único banco 24 horas do bairro.









Lazer, entretenimento, fé e cultura através dos tempos

Todos os anos, nos dias 29 de junho, data consgrada a São Pedro, a irmanadade de São Pedro em Sepetiba se reunia objetivando organizar as comemorações e festejos em honra do Santo, as tarefas eram distribuídas e se elaborava a programação da festa com bastante antecedência, pois se dirigiam para a tradicional festa moradores de vários bairros não só da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro como de outras regiões.Mas ,antes das comemorações oficiais e festejos, que ocorriam sempre num domingo celebrava-se o tríduo de novenas.No dia da festa, a capela era limpa cuidadosmente por membros da irmandade de São Pedro e da comunidade em geral, no piso lavado espalhava-se folhas de mangueiras, as barraquinhas ganhavam enfeites de folha de pita (Planta originária dos manguezais e que exisitia em grande quantidade na ilha dos marinheiros)
Os fogos de artifício para a comemoração eram fabricados por João e sua esposa, moradores do bairro de Santa Cruz, no lugar conhecido como Jaqueira, os responsáveis pela queima dos fogos eram João de Riqueta, Jair Nascimento (conhecido como Zico) e Manezinho Qué aro.
Toda a área da festa era iluminada por um gerador trazido pela CIA. De Radiotelegrafia Brasileira, sob a responsabilidade de Antônio Ignácio da Costa, também conhecido como Antônio Ferreira, a festa acabou por tornar-se uma tradição local, a ponto de não precisar de publicidade para divulgá-la, e compareciam moradores de toda a cidade do Rio de Janeiro. Os festejos eram inicados pontualmente as cinco da manhâ com a alvorada e a banda de música percorrendo as principais localidades do bairro, às 10 horas da manhã havia a realização de uma missa solene cantada, e às onze horas o “bando precatório” desfilava pelas ruas acompanhado pela banda, a frente desta iam as moças da Pia União das filhas de Maria com um uniforme branco e os adolescentes da cruzada eucarística com a bandeira religiosa a fim de angariar fundos para obras sociais da capela.
Às 14:00 horas dava-se início à regata tendo como participantes os pescadores Ozinho, Beja, Verão, totonho, Celeste dentre outros (Alcebíades Rosa), e as 16 horas iniciava-se a procissão marítima, quando a mesma terminava, seus partcipantes percorriam as ruas, logo após ocorria o canto da ladainha e o sermão sobre a vida de São Pedro,para encerrar a festa era realizada uma belíssima queima de fogos.
Hoje a tradição permanece, porém com algumas mudanças, alguns dos costumes foram excluídos, modificações ocorreram na organização e na comissão etc.
Era comum ocorrer na casa de muitos pescadores e lavradores do local a realização de uma dança denominada de “Ciranda”[1], que era realizada principalmente na casa de Cesário, Dongo e Sebastião Pombo( Alcebíades Rosa). Anos mais tarde surgiram os “bailes” de Jazz, que coincidiram com a fundação do Sepetiba futebol clube, originário do antigo Z-20, a sede provisória do clube ficava na esquina da rua da Floresta com a rua Presidente Nobre, mas tarde o Sepetiba futebol clube transferiu-se para a praça Washington Luiz, diversos bailes de jazz foram realizados, com variados “temas” dentre eles o baile da coroação da rainha do clube, Alcebíades Rosa Ressalta que o clube era localizado onde antes encontrava-se o armazém de Armínio Rangel e mais tarde a farmácia Tupiara ( mais tarde do medonça), no mesmo local instalou-se depois o bar do Sereno, cujos proprietários eram Aroldo e Chocolate ( Fonte:Alcebíades Rosa).
A primeira agremiação esportiva a ser fundada em Sepetiba denominava-se Flor do Lodo, iniciada através do pescador João do Carmo, hoje o bairro não possuía muitas agremiaões de grande expressão ou mesmo que sejam de conhecimento de toda a comunidade. O carnaval em Sepetiba era restrito a dois “ranchos”, o “filhos do Oceano” e o “Estrela de Prata”, que ficaram famosos, sendo conhecidos até mesmo no centro da cidade do Rio de Janeiro.Após foi fundado o “Rancho União de Sepetiba” durante a segunda guerra mundial, como forma de homenagear os fundadores dos dois outros Ranchos.No carnaval do ano de 1946 a avenida Areia Branca, o Largo do Bodegão, a Avenida Isabel e a rua Felipe Cardoso foram tomadas por uma enorme multidão saudosa dos carnavais dos velhos Ranchos(Fonte:Alcebíades Rosa).
Foi fundado o Sepetiba IATE Clube, em 16 de Março do ano de 1947 com sede localizada na rua do Iate Nº 41.Todos os anos a comunidade de Sepetida durante as comemorações e festejos em homenagem a Santo Antônio, São Pedro e São João se reunia na esquina da rua dos pescadores com a travessa de Sepetiba, para assistir aos ensaios da “quadrilha Caipira” sob a direção de Cicilio Faleiro.Mais tarde forma inaugurados os clubes Náutico, e Clube Nútico do Recôncavo que forma alço de muitas histórias de amor segundo alguns moradores antigos, além de abrigarem uma grande quantidade de “veranistas” no período de férias, que se deslocavam de muitos bairros da cidade do Rio de Janeiro.Hoje o lazer e a cultura emSepetiba ianda são insuficientes, visto que a população aumetou, agora cnota com uma vaiedade de níveis culturais e sociais, preferências, costmes etc, provavelmente devido ao fato de a incidência de violência em muitos bairros da zona norte do Rio de Janeiro ter “forçado” alguns a se deslocarem para o bairro buscando mais segurança e tranqüilidade segurança. (Fonte:Alcebíades Rosa).



A segurança em Sepetiba.

A guarda nacional foi o primeiro dispositivo de segurança existente em Sepetiba, era comandada por Laurentino Nascimento, mais tarde foi substituída pela polícia Militar Federal, cujo agrupamento ficava localizado ao lado da capela de São Pedro, os Cabos Laurindo e silva eram os responsáveis pelo destacamento, e conhecidos por quase toda a comunidade, Belmiro, Nestor José de Oliveira e Constantino eram os “Praças” subordinados.
Durante a segunda guerra Mundial, o exército montou um posto de observação no morro de Sepetiba, e um destacamento ao lado da colônia de pescadores para realizarem rondas marítimas, Enio Fontoura, Durval e Silva foram os militares que se tornaram mais conhecidos pelos moradores do local.O destacamento policial militar foi substituído anos depois pela guarda municipal sob a direão do inspetor conhecido como Gabriel e mais os guardas Waldemiro Junger, Amaral, João Bolinha entre outros, a sede da guarda municipal ficava na antiga residência do pescador João do Carmo, na praia de Sepetiba, próximo à travessa da Floresta.Atualmente Sepetiba possuí um Dpo, aparelhado precariamente, um agrupamento da base aérea de Santa Cruz e da Marinha e um quartel do corpo de bombeiros (Salva vidas).


Justificativas para a pesquisa

Buscaremos nesta pesquisa regatar a historicidade do bairro de Sepetiba, examinar como o modo de vida urbano, as transformaões sociais, a ínfima historiografia relacionada à região, influenciam e influeciaram a construção das identidades dos moradores deste bairro, a baixa auto-estima dos mesmos, o desapego destes pelo local e o desinteresse dos jovens no resgate e na manutenção dos relatos importantes para a identificação dos mesmos com seu bairro, buscando a mobilização a fim de alcançar altos níveis de conscientização por parte dos mesmos para o que é melhor para o bairro de fato. Bem como buscaremos os motivos pelos quais os referenciais no que concerne a importância hstórica do local foram praticamente perdidos, e também o porquê de não existirem ao menos resquícios “físicos” desta história tão rica e siginificativa para a construção da identidade histórica da região como um todo, neste caso a Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.Também pretendemos provar que o resgate da história do bairro será de grande valia para o melhor desempenho dos estudantes do local, maior interesse dos professores, bom senso dos políticos representantes da região etc.
A pós-modernidade caracteriza-se pelo aumento frenético da velocidade de informação, a compressão dos entendimentos de tempo e espaço, bem como o desinteresse pela história e pelo resgate da memória e da identidade histórica de determinadas regiões, o que implica a fragmentação e a descontinuidade, e é claro a desmobilização e desinteresse das populações locais para com a questão da preservação de patrimônios históricos culturais, do meio ambiente etc. Acreditamos que estas transformações estão conduzindo a sociedade ao estabelecimento da chamada “Amnésia coletiva” (Hanna Arendt, 1968), pois o que mais importa é o momento presente, as inovações e o futuro, as novas tendencias etc. Trazer a memória a baila significa romper com o processo de alienação ao nosso entender, restituindo assim a identidade dos sujeitos históricos. (Pacano).
De acordo com Pacano, a contribuição dos Frankfurtianos deixa claro que memória, enquanto reconstrução do passado no presente, ou enquanto determinações do passado sobre o presente, pode tanto “escravizar” como “libertar”, a lembrança e o esquecimento, manifestações da memória nos indivíduos, só adquirem significado mais amplo se analisados na especificidade do contexto histórico de sua construção passada e de sua narração presente.Como conseqüência, debruçar-se sobre a memória não significa a reconstrução integral de como teria sido o passado, posto que passou, mas sim a presença deste no presente,consciente ou inconsciente. ( Pacano).
A modernidade, ao romper com memória, expõe a todos aos perigos da amnésia coletiva, decorrente da perda dos elos comunitários que se processam ainda mais rapidamente na sociedade pós-industrial, sob o símbolo da pós-modernidade. Segundo Pollak podemos dizer que a memória é um elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto individual como coletiva, na medida em que ela é também fator importante do sentimento de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua construção de si, acreditamos que a maioria dos males causados ao bairro de Sepetiba e conseqüentemente a sua população estão relacionados direta ou indiretamente ao fato de que a grande parte da população local não possui este sentimento de continuidade e de identidade com o local, direcionado é claro a importância histórica do mesmo.
Ainda de acordo com Pollak a construção da identidade é um fenômeno que se produz em referência aos outros, em referencia aos critérios de aceitabilidade, de admissibilidade, de credibilidade, e que se faz por meio da negociação direta com os outros. ; vale dizer que memória e identidade podem perfeitamente ser negociadas, e não são fenômenos que devam ser compreendidos como essencias de uma pessoa ou de um grupo, porém acreditamos que quando determinado grupo de pessoas não se sente integrado a um contexto social ,cultural ou histórico especifíco pode sentir-se com um sentimento de descontinuidade e de ausência, de referencia, é o que ocorre com alguns moradores do bairro pesquisado.
Baseados nas informações de Stuart Hall que a identidade preenche o espaço entre o interior e o exterior, entre o mundo pessoal e o mundo público, o fato de que projetamos a “nós próprios” nessas identidades culturais, ao mesmo que internalizamos seus significados e valores, tornando-os “parte de nós” contribui para alinharmos nossos sentimentos subjetivos com os lugares objetivos que ocupamos no mundo social e cultural, a identidade então costura o sujeito a estrutura, estabiliza tanto os sujeitos quanto os mundos culturais que eles habitam, tornando ambos reciprocamente mais unificados e predezíveis. O sujeito previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado, composto não de uma única, mas de várias identidades fragmentadas, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas.
O próprio processo de identificação, através do qual nós projetamos nossas identidades culturais, tornou-se mais provisório, variável e problemático como aqui tentamos demonstrar.Esse processo produz o sujeito pós-moderno, como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente, o sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, e isto torna-se mais agravante em contextos sociais mais desfavorecidos, sem referenciais, sem orientação, em total exclusão social e cultural, como no caso do bairro pesquisado, onde os indivíduos não conseguem mais dissernirentre direitos, deveres, cidadania, democracia, fato, mentira, história etc, visto que sofrem de exclusãohá muito tempo, e forma desprovidos do saber mais profundo sobre a própria região.
Buscaremos através da realização desta pesquisa Caracterizar e analisar os diferentes papeis desempenhados pelos moradores do bairro de Sepetiba, ex-moradores, representantes de instituições locais tais como associações de moradores, projetos sociais dentre outros indivíduos e instiuições envolvidos com a localidade nos processos de construção, reconstrução e desaparecimento da história do bairro, as conseqüências deste fato para o desenvolvimento do mesmo etc.


Costa, litoral de Sepetiba e imediações.


[1] Acompanhada de violões, violas, banjos,cavaquinho, bandolim e pandeiro, alguns dos músicosparticipantes eram Cesário, Dongo, Neca Bandeira, Beja Preto, Sebastião Pombo, dentre os cantores: Neca Bandeira, Maneco Rosa e totonho

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